terça-feira, 1 de abril de 2014

MUITOS PLANETAS! NOVOS LARES?

Por: Tainá Fragoso

            Talvez uma das perguntas mais antigas da humanidade seja se nós estamos, ou não, sozinhos no Universo. Essa questão vem fazendo nós, seres humanos, ficarmos ocupados durante milênios pensando... Será mesmo possível existirem outros tipos de “civilizações” espalhadas pelo Cosmo? A ciência moderna cada vez mais nos dá indícios de que vida fora da Terra existe sim, e é bem mais provável do que nós imaginamos!

            Primeiramente temos que esclarecer alguns termos, que deixam sempre essa discussão mais difícil entre os céticos e não céticos, seres vivos. Seres vivos não precisam ser necessariamente inteligentes, não precisam estar organizados em sociedade, não necessitam de grandes construções ou avanços científicos para serem considerados vivos, vida é apenas vida, com suas funções vitais como a nutrição, respiração e reprodução. Como podem ver, vida não precisa de naves espaciais ultra desenvolvidas para existir, claro, não descartando a hipótese da vida inteligente.
Bactérias, vida “simples”.

                Um dos avanços mais promissores no ramo da busca por vida fora da Terra foi a descoberta dos planetas extra-solares, ou, exoplanetas. O primeiro a entrar nessa classificação, foi descoberto em 1989, por Lawtone e Wright, e mais para frente, os astrônomos conseguiram identificar mais três exoplanetas orbitando um pulsar, o PSR B1257+12. A partir daí, iniciou-se uma procura por esses corpos através de vários ramos de pesquisa. A classificação desses planetas se baseia em três princípios básicos: seu limite de massa é de até 13 vezes a de Júpiter; não tem luz própria e orbita outras estrelas que não o Sol. Até agora, os planetas com que mais nos deparamos, são gigantes gasosos, mas há muitos que tem características muito parecidas com as da Terra.

Representação de Tau Boötis b, um dos primeiros exoplanetas detectados.
Como são descobertos novos exoplanetas?

                O método mais usado para a descoberta desses planetas é através da observação da variação de velocidade da estrela, em relação à linha do observador (no caso os astrônomos da Terra). Esse efeito é chamado de velocimetria radial, ou velocidade radial. Relativamente novo, esse método só foi possível através da utilização da espectroscopia, um avanço somente descoberto no século 19.

                A espectroscopia se baseia na propriedade da luz de emitir uma “cor“ diferente para cada elemento químico, permitindo-nos aprender sobre a composição e temperatura de corpos distantes. Mas essa não é a propriedade utilizada para o caso dos extrassolares. Dessa vez usamos outro auxiliar, o Efeito Doppler.

                 Esse efeito mostra que ao nos afastarmos da fonte que emite ondas sonoras, elas se tornarão mais graves, ou seja, ocorre um aumento no comprimento de onda, e ao nos aproximarmos, ocorre uma diminuição. O mesmo acontece para a luz das estrelas, sua frequência muda de acordo com a aproximação ou afastamento da Terra, e podemos observar esse efeito através da espectroscopia. Quando o corpo se aproxima da Terra, sua luz tende a sofrer um desvio para o azul (blueshift), e ao se afastar de nós tende a se desviar para o vermelho (o famoso redshift). O fato acontece por meio do desvio que o planeta causa na órbita da sua estrela através de sua atração gravitacional, afastando-se ou se aproximando da Terra, o que fica mais complicado de observar se o planeta for muito pequeno ou pouco denso. 
Blueshift e Redshift.
                Por isso, há outros métodos de se identificar um exoplaneta, e um dos mais usados na atualidade, é o trânsito planetário, quando o planeta esta passando sobre sua estrela e causa variações da luz que nós recebemos deste corpo.

                Portanto, pode-se notar que há maior facilidade em encontrar planetas muito grandes e gasosos como Júpiter. Também há grande observação de extrassolares rochosos como a Terra, porém, com até oito vezes a massa terrestre. Como é o caso do Gliese 581c, com cinco vezes a massa do nosso planeta.
Exemplo de Trânsito Planetário
Outras descobertas

                Assim como há outros planetas orbitando outras estrelas, com toda a certeza, sistemas como o nosso, onde vários planetas orbitam uma estrela, não é menos comum. Há muitos deles espalhados na nossa galáxia. Até 2009, cerca de 37 sistemas exoplanetários múltiplos foram descobertos, como exemplos, o sistema de cinco planetas detectados da estrela 55 Cancri e o da estrela Gliese 581, com quatro planetas. Esses sistemas são muito analisados por um motivo específico, a alta probabilidade de descobertas astrobiológicas, pois possuem planetas orbitando suas zonas habitáveis, ou seja, com chances de obter água em estado líquido.

                Cá estamos nós com assunto que abriu este artigo, a busca por vida fora da Terra. O rochoso Gliese 581c e o gasoso 55 Cancri f têm em comum as chances de obter vida simples, ou seja, microrganismos vivos (vida bacteriana ou multicelular primitiva). Eles também são seres vivos, portanto, a probabilidade de nós estarmos sozinhos no Universo é infinitamente pequena. No caso do 55 Cancri f, o que nos interessa são suas luas, que podem ser rochosas e conter esse tipo de vida.

                Mas não precisamos ir muito longe, aqui mesmo, no nosso Sistema Solar em Enceladus e Titã (ambas luas de Saturno), há grandes chances de encontrarmos vida, assim como nos oceanos superficiais de Europa, o famoso satélite natural de Júpiter. Outra provável fonte de vida são os vários corpos viajantes do espaço, como os asteroides, que podem inclusive ter trazido a vida para a Terra, e a estar espalhando pelo Cosmo neste exato momento!

Enceladus

Titã à esquerda e Europa à direita.

                O quê nos faz pensar que estamos sós no Universo? O escritor e inventor Arthur C. Clarke, nos dá uma visão diferente desta questão, afinal, “Existem duas possibilidades: ou estamos sozinhos no universo ou não. Ambas são igualmente assustadoras.”.
E como o próprio Carl Sagan disse (sim, gostamos de parafrasear ele!), se estivéssemos sozinhos no Universo, seria um grande desperdício de espaço.

                Para quem ainda não viu o clássico “Contato” dirigido por Robert Zemeckis e baseado em um livro de Carl Sagan, aí vai um trechinho (a abertura), para obrigá-los a assistir esse filme imperdível.


Este é o livro que deu origem ao filme, apesar de ser um romance, sua carga científica é bastante grande:


Livro Contato de CARL SAGAN







Física Resolvida - Grupos de Estudos para Enem e Vestibular

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