Por: Tainá Fragoso
Talvez uma das perguntas mais
antigas da humanidade seja se nós estamos, ou não, sozinhos no Universo. Essa
questão vem fazendo nós, seres humanos, ficarmos ocupados durante milênios
pensando... Será mesmo possível existirem outros tipos de “civilizações”
espalhadas pelo Cosmo? A ciência moderna cada vez mais nos dá indícios de que
vida fora da Terra existe sim, e é bem mais provável do que nós imaginamos!
Primeiramente temos que esclarecer
alguns termos, que deixam sempre essa discussão mais difícil entre os céticos e
não céticos, seres vivos. Seres vivos não precisam ser necessariamente
inteligentes, não precisam estar organizados em sociedade, não necessitam de
grandes construções ou avanços científicos para serem considerados vivos, vida
é apenas vida, com suas funções vitais como a nutrição, respiração e
reprodução. Como podem ver, vida não precisa de naves espaciais ultra
desenvolvidas para existir, claro, não descartando a hipótese da vida
inteligente.
Um dos
avanços mais promissores no ramo da busca por vida fora da Terra foi a
descoberta dos planetas extra-solares, ou, exoplanetas. O primeiro a entrar
nessa classificação, foi descoberto em 1989, por Lawtone e Wright, e mais para frente, os astrônomos conseguiram identificar mais três
exoplanetas orbitando um pulsar, o PSR B1257+12. A partir daí, iniciou-se uma procura
por esses corpos através de vários ramos de pesquisa. A classificação desses
planetas se baseia em três princípios básicos: seu limite de massa é de até 13
vezes a de Júpiter; não tem luz própria e orbita outras estrelas que não o Sol.
Até agora, os planetas com que mais nos deparamos, são gigantes gasosos, mas há
muitos que tem características muito parecidas com as da Terra.
Como são descobertos novos exoplanetas?
O
método mais usado para a descoberta desses planetas é através da observação da
variação de velocidade da estrela, em relação à linha do observador (no caso os
astrônomos da Terra). Esse efeito é chamado de velocimetria radial, ou
velocidade radial. Relativamente novo, esse método só foi possível através da
utilização da espectroscopia, um avanço somente descoberto no século 19.
A
espectroscopia se baseia na propriedade da luz de emitir uma “cor“ diferente
para cada elemento químico, permitindo-nos aprender sobre a composição e
temperatura de corpos distantes. Mas essa não é a propriedade utilizada para o
caso dos extrassolares. Dessa vez usamos outro auxiliar, o Efeito Doppler.
Esse efeito mostra que ao nos afastarmos da
fonte que emite ondas sonoras, elas se tornarão mais graves, ou seja, ocorre um
aumento no comprimento de onda, e ao nos aproximarmos, ocorre uma diminuição. O
mesmo acontece para a luz das estrelas, sua frequência muda de acordo com a
aproximação ou afastamento da Terra, e podemos observar esse efeito através da
espectroscopia. Quando o corpo se aproxima da Terra, sua luz tende a sofrer um
desvio para o azul (blueshift), e ao se afastar de nós tende a se desviar para
o vermelho (o famoso redshift). O fato acontece por meio do desvio que o
planeta causa na órbita da sua estrela através de sua atração gravitacional,
afastando-se ou se aproximando da Terra, o que fica mais complicado de observar
se o planeta for muito pequeno ou pouco denso.
Por
isso, há outros métodos de se identificar um exoplaneta, e um dos mais usados
na atualidade, é o trânsito planetário, quando o planeta esta passando sobre
sua estrela e causa variações da luz que nós recebemos deste corpo.
Portanto,
pode-se notar que há maior facilidade em encontrar planetas muito grandes e
gasosos como Júpiter. Também há grande observação de extrassolares rochosos
como a Terra, porém, com até oito vezes a massa terrestre. Como é o caso do Gliese
581c, com cinco vezes a massa do nosso planeta.
Outras descobertas
Assim
como há outros planetas orbitando outras estrelas, com toda a certeza, sistemas
como o nosso, onde vários planetas orbitam uma estrela, não é menos comum. Há
muitos deles espalhados na nossa galáxia. Até 2009, cerca de 37 sistemas
exoplanetários múltiplos foram descobertos, como exemplos, o sistema de cinco
planetas detectados da estrela 55 Cancri e o da estrela Gliese 581, com quatro
planetas. Esses sistemas são muito analisados por um motivo específico, a alta
probabilidade de descobertas astrobiológicas, pois possuem planetas orbitando
suas zonas habitáveis, ou seja, com chances de obter água em estado líquido.
Cá
estamos nós com assunto que abriu este artigo, a busca por vida fora da Terra.
O rochoso Gliese 581c e o gasoso 55 Cancri f têm em comum as chances de obter
vida simples, ou seja, microrganismos vivos (vida bacteriana ou multicelular
primitiva). Eles também são seres vivos, portanto, a probabilidade de nós
estarmos sozinhos no Universo é infinitamente pequena. No caso do 55 Cancri f,
o que nos interessa são suas luas, que podem ser rochosas e conter esse tipo de
vida.
Mas não
precisamos ir muito longe, aqui mesmo, no nosso Sistema Solar em Enceladus e
Titã (ambas luas de Saturno), há grandes chances de encontrarmos vida, assim
como nos oceanos superficiais de Europa, o famoso satélite natural de Júpiter.
Outra provável fonte de vida são os vários corpos viajantes do espaço, como os
asteroides, que podem inclusive ter trazido a vida para a Terra, e a estar
espalhando pelo Cosmo neste exato momento!
O quê
nos faz pensar que estamos sós no Universo? O escritor e inventor Arthur C.
Clarke, nos dá uma visão diferente desta questão, afinal, “Existem duas
possibilidades: ou estamos sozinhos no universo ou não. Ambas são igualmente
assustadoras.”.
E como o próprio Carl Sagan disse (sim, gostamos de
parafrasear ele!), se estivéssemos sozinhos no Universo, seria um grande
desperdício de espaço.
Para
quem ainda não viu o clássico “Contato” dirigido por Robert
Zemeckis e baseado em um livro de Carl Sagan, aí vai um trechinho (a
abertura), para obrigá-los a assistir esse filme imperdível.
Este é o livro que deu origem ao filme, apesar de ser um
romance, sua carga científica é bastante grande:
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